A migração do Simples Nacional para Lucro Real é uma decisão estratégica que pode impactar diretamente a saúde financeira e tributária de uma empresa.
Embora o Simples seja o regime mais comum entre pequenos e médios negócios, há casos em que o Lucro Real oferece mais benefícios — especialmente quando a margem de lucro é baixa, devido a custos e despesas altas.
Neste artigo, você vai entender em quais situações essa mudança é vantajosa, o que considerar antes de tomar a decisão e como planejar a transição de forma segura.
O que é o Lucro Real e como ele funciona
O Lucro Real é o regime tributário que apura o lucro líquido efetivo da empresa, considerando receitas, despesas e custos operacionais para calcular os impostos federais.
A base de cálculo do IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) é o lucro real obtido após ajustes fiscais.
Além disso, a empresa também recolhe PIS e COFINS no regime não cumulativo, que apesar de possuir alíquotas mais altas, permite o aproveitamento de créditos sobre insumos, despesas e custos vinculados à atividade.
Por ser mais detalhado, o Lucro Real exige um controle contábil mais robusto, mas também pode reduzir a carga tributária em empresas com margens menores ou despesas significativas.
Entendendo o Simples Nacional
O Simples Nacional é um regime simplificado destinado a microempresas e empresas de pequeno porte, com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões.
Ele unifica o recolhimento de diversos tributos (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI, ICMS, ISS e CPP) em uma única guia, o DAS.
A simplicidade e a carga tributária inicial mais leve tornam o Simples uma boa opção para negócios que estão começando. No entanto, à medida que a empresa cresce, o modelo pode se tornar menos vantajoso.
Quando a migração do Simples Nacional para Lucro Real começa a fazer sentido
Migrar para o Lucro Real não deve ser uma decisão baseada apenas no faturamento. É preciso analisar o perfil do negócio, margens de lucro, despesas e benefícios fiscais disponíveis.
Veja em quais situações a migração do Simples Nacional para Lucro Real pode ser vantajosa:

1. Margens de lucro reduzidas
Empresas comerciais com margens de lucro abaixo de 10%, ou de serviço com margens abaixo de 32% podem pagar mais impostos no Simples, já que o cálculo é feito sobre o faturamento total, independentemente da rentabilidade.
No Lucro Real, os tributos federais incidem apenas sobre o lucro efetivo — o que reduz o impacto tributário quando o lucro é baixo.
Mas atenção! É comum que muitos empresários tenham um valor de rentabilidade de seu negócio em mente, e por isso acreditem que o Lucro Real é mais vantajoso. No entanto, no cálculo do lucro real existem muitas despesas que são indedutíveis, ou seja, não podem ser abatidas no cálculo. Por isso, é essencial contar com uma análise criteriosa e feita por especialistas.
2. Alto volume de despesas operacionais
No Simples, as despesas não são consideradas para o cálculo dos tributos. Já no Lucro Real, é possível deduzir diversas despesas operacionais (como aluguel, folha de pagamento e custos com insumos), o que diminui a base de cálculo.
3. Possibilidade de gerar créditos de PIS e COFINS
Empresas que adquirem insumos, serviços e produtos podem aproveitar créditos de PIS e COFINS no regime não cumulativo do Lucro Real, reduzindo o valor final dos tributos.
Esse é um diferencial importante em setores como indústria, distribuição e prestação de serviços com insumos relevantes.
4. Faturamento acima do limite do Simples Nacional
Empresas que ultrapassam o teto de R$ 4,8 milhões anuais precisam obrigatoriamente deixar o Simples. Nesse caso, a migração do Simples Nacional para Lucro Real ou para o Lucro Presumido deve ser avaliada com cuidado.
5. Empresas com prejuízos fiscais acumulados
No Lucro Real, é possível compensar prejuízos fiscais de exercícios anteriores, diminuindo o IRPJ e a CSLL de períodos futuros. Esse benefício é inexistente no Simples Nacional.
Comparativo entre Simples Nacional e Lucro Real
A tabela abaixo ilustra as principais diferenças entre os dois regimes:
| Aspecto | Simples Nacional | Lucro Real |
| Faturamento anual | Até R$ 4,8 milhões | Sem limite |
| Forma de tributação | Percentual fixo sobre o faturamento (DAS) | Impostos sobre o lucro líquido e receitas efetivas |
| Aproveitamento de créditos | Não permitido | Permitido (PIS e COFINS não cumulativos) |
| Dedução de despesas | Não há dedução | Despesas dedutíveis reduzem o lucro tributável |
| Compensação de prejuízos | Não permitida | Permitida até 30% do lucro líquido |
| Complexidade contábil | Baixa | Alta |
| Custo com contabilidade | Reduzido | Mais elevado |
| Ideal para | Pequenas empresas com alta margem e simplicidade fiscal | Empresas com despesas relevantes ou margens menores |
Erros comuns ao migrar para o Lucro Real
A migração do Simples Nacional para Lucro Real exige planejamento e conhecimento técnico. Veja alguns erros frequentes cometidos por empresários:
- Não realizar simulações prévias: sem comparar a carga tributária real, o negócio pode acabar pagando mais impostos.
- Falta de controle contábil: a ausência de registros precisos inviabiliza a correta apuração do Lucro Real.
- Ignorar incentivos fiscais disponíveis: setores específicos (como saúde, educação e exportação) possuem benefícios que podem ser aproveitados.
- Migrar apenas pelo faturamento: nem sempre o aumento de receita justifica a saída do Simples; é preciso analisar margem e estrutura de custos.
Como planejar a migração do Simples Nacional para Lucro Real
1. Faça uma análise tributária completa
Antes da mudança, é essencial que a contabilidade realize um estudo comparativo entre os regimes, simulando os tributos com base nas despesas e margens reais da empresa.
2. Ajuste o controle contábil e fiscal
O Lucro Real exige escrituração contábil completa e registros detalhados de receitas, despesas e custos. Investir em um sistema de gestão integrado pode facilitar o processo.
3. Avalie o impacto no fluxo de caixa
Embora o Lucro Real possa reduzir a carga tributária, ele também exige mais obrigações acessórias e custos operacionais. É importante verificar se o caixa da empresa comporta essas exigências.
4. Tenha suporte especializado
A transição deve ser conduzida com apoio de uma contabilidade experiente, que entenda as regras do Lucro Real e identifique oportunidades de crédito tributário e deduções legais.
Checklist antes de optar pela migração do Simples Nacional para Lucro Real
- Empresa tem lucro líquido inferior a 10% do faturamento (comércio) ou abaixo de 32% (serviços).
- Há despesas e custos operacionais expressivos.
- É possível aproveitar créditos de PIS e COFINS.
- O faturamento ultrapassou o limite do Simples Nacional.
- Há interesse em compensar prejuízos fiscais anteriores.
- Existe estrutura contábil para apuração detalhada.
Se a maioria das respostas for “sim”, o Lucro Real pode ser uma alternativa vantajosa.
Importante lembrar: a opção pelo Regime Tributário é feita em janeiro e é irretratável pelo resto do ano-calendário.
Vale a pena migrar agora?
A decisão deve ser baseada em análise tributária detalhada. Cada empresa tem particularidades, e o que é vantajoso para uma pode não ser para outra.
Com a aproximação de mudanças trazidas pela Reforma Tributária, muitos contadores têm recomendado revisões fiscais antecipadas — especialmente para quem está no limite do Simples ou com alta despesa operacional.
Planejar com antecedência garante uma migração do Simples Nacional para Lucro Real mais segura e lucrativa, evitando surpresas no caixa e aproveitando todos os benefícios legais.
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