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Simples Nacional: entenda quando ele deixa de ser vantajoso

O Simples Nacional foi criado para facilitar a vida de micro e pequenas empresas.
Com alíquotas reduzidas e menos burocracia, é o regime mais usado no Brasil por negócios que estão começando ou se consolidando.

No entanto, nem sempre permanecer no Simples é a melhor opção. À medida que o faturamento cresce ou o perfil da empresa muda, o Simples Nacional pode deixar de ser vantajoso, resultando em uma carga tributária maior do que em outros regimes.

Neste artigo vamos explicar quando o Simples deixa de ser a melhor escolha — e como saber a hora certa de mudar.

O que é o Simples Nacional?

O Simples Nacional é um regime tributário unificado, que reúne em uma única guia (DAS) o pagamento de impostos federais, estaduais e municipais, como:

  • IRPJ
  • CSLL
  • PIS
  • COFINS
  • INSS Patronal (em alguns casos)
  • ICMS (venda de mercadorias)
  • ISS (prestação de serviços)

É voltado para empresas que faturam até R$ 4,8 milhões por ano.

Além da unificação dos tributos, oferece regras mais simples para obrigações fiscais e benefícios em licitações públicas.

Quando o Simples Nacional começa a deixar de ser vantajoso?

Apesar de todas as facilidades, há situações em que o Simples passa a pesar no bolso do empresário.
Vamos ver os principais casos:

1. Faturamento próximo do teto

Empresas que se aproximam dos R$ 4,8 milhões de faturamento anual enfrentam:

  • Alíquotas mais altas na tabela progressiva do Simples;
  • Necessidade de recolher ICMS ou ISS separados, conforme o faturamento ultrapassa R$ 3,6 milhões.

Isso aumenta significativamente a carga tributária efetiva.

Exemplo prático:
Uma empresa que fatura R$ 400 mil/mês já paga alíquotas próximas dos 20% no Simples, o que pode ser mais caro do que o Lucro Presumido.

2. Margem de lucro muito baixa

Empresas com margem de lucro baixa podem se prejudicar no Simples.
Isso acontece porque o regime tributa o faturamento, e não o lucro.

Mesmo se a empresa vender muito e lucrar pouco, pagará altos impostos sobre a receita bruta.

Exemplo prático:
Uma empresa de distribuição de produtos com margem líquida de apenas 5% pode ver seus lucros esmagados pela tributação do Simples, que incide sobre todo o faturamento.

3. Atividades com carga elevada no Simples

Alguns setores têm alíquotas iniciais altas no Simples, como:

  • Serviços advocatícios
  • Academias
  • Serviços de TI e consultorias em geral

Dependendo do anexo em que se enquadram (principalmente Anexo V), a alíquota inicial já começa alta (15,5%) e sobe com o faturamento.

Em muitos casos, o Lucro Presumido oferece uma tributação efetiva menor.

4. Perda de benefícios fiscais

Empresas que optam pelo Simples Nacional podem:

  • Não aproveitar créditos de ICMS e IPI (importante para quem compra de fornecedores tributados);
  • Não utilizar créditos de PIS/COFINS (impacta setores industriais, atacadistas e distribuidores).

Se a empresa opera em cadeias de produção em que créditos fiscais são importantes, o Simples pode se tornar um entrave financeiro.

5. Crescimento da operação para fora do município ou estado

Quando a empresa começa a vender para outros estados, entram novas regras:

  • Necessidade de apuração de diferencial de alíquota (DIFAL);
  • Obrigações fiscais estaduais mais rigorosas;
  • Incidência de substituição tributária de ICMS.

Nesses casos, a operação pode se tornar mais burocrática e o Simples perder parte de sua vantagem prática.

Comparativo prático: Simples Nacional X Lucro Presumido

CritérioSimples NacionalLucro Presumido
Forma de cálculoReceita brutaReceita presumida
Base tributávelFaturamentoLucro presumido
ComplexidadeBaixaMédia
Benefícios fiscaisLimitadosCréditos fiscais disponíveis
Indicado paraPequenas empresas com boa margemEmpresas com alto faturamento ou margem baixa

Sinais de que é hora de reavaliar o regime tributário

  • Aumento consistente do faturamento (mais de R$ 300 mil/mês);
  • Margem líquida inferior a 10%;
  • Atividade em Anexo V do Simples Nacional;
  • Operação interestadual com muitos tributos retidos;
  • Necessidade de aproveitar créditos fiscais.

Dica de contador:
O ideal é fazer uma simulação comparativa anual entre Simples Nacional e Lucro Presumido para encontrar o regime mais econômico.

Como fazer a migração de regime tributário corretamente

  • Avalie o faturamento, a margem de lucro e a estrutura de custos com seu contador.
  • Planeje a mudança para o início do próximo exercício fiscal (janeiro), quando é possível optar por outro regime.
  • Formalize a saída do Simples Nacional dentro dos prazos legais.

Atenção:
Mudanças de regime no meio do ano podem gerar impactos fiscais significativos. Planejamento é essencial!

Conclusão

O Simples Nacional é, sim, uma excelente porta de entrada para muitos negócios, mas não é uma solução eterna.
À medida que sua empresa cresce ou muda de perfil, é fundamental reavaliar se continuar nesse regime é realmente a melhor opção.

Quer descobrir se sua empresa ainda está no melhor regime tributário?
Converse com um contador especializado em planejamento tributário e maximize seus lucros pagando menos impostos, de forma segura!

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